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Projeto reforça alfabetização nos manguezais da Amazônia

  • Publicado: Segunda, 03 de Outubro de 2022, 14h41

Projeto Mangues da Amazônia

Um novo desafio se apresenta às comunidades extrativistas na zona costeira do Pará: o apoio à alfabetização escolar, com a inovação de um método que associa a aprendizagem a elementos da fauna e flora em região inserida na maior faixa contínua de manguezais do planeta, onde a educação é chave para a conservação e o  uso sustentável dos recursos naturais, com qualidade de vida e renda para o sustento das famílias.

“Em função das limitações do ensino a distância na região, a pandemia aumentou a dificuldade de leitura e escrita entre crianças já no quinto ano do ensino fundamental”, afirma a professora Giselle Silva, coordenadora da iniciativa Alfa Mangue, no município de Bragança (PA). Segundo ela, “a forma mais rápida e eficiente de reverter esse déficit no processo de alfabetização tem sido utilizar elementos da realidade e identidade local”.

A ação educativa integra o Projeto Mangues da Amazônia, realizado pelo Instituto Peabiru e Associação Sarambuí, com patrocínio da Petrobras e apoio do Laboratório de Ecologia de Manguezal (LAMA), da Universidade Federal do Pará (UFPA). No Brasil, o número de crianças de 6 e 7 anos afetadas pelo atraso da alfabetização atingiu 2,4 milhões em 2021 – 66,3% a mais que em 2019 – conforme dados da ONG Todos Pela Educação, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), do IBGE. O impacto foi maior na faixa da população de nível socioeconômico mais baixo.

A alfabetização é necessária ao desenvolvimento sociocognitivo e à compreensão das disciplinas curriculares, com menor risco de evasão escolar, o que tem motivado as ações do Alfa Mangue. Destinadas a crianças de sete a nove anos que vivem em reservas extrativistas, as atividades acontecem aos sábados, pela manhã, durante quatro meses, por turma, com uso de diversos recursos pedagógicos: cartilhas, jogos, música, poesia e ações de campo nos manguezais. “Elas aprendem palavras, sílabas e letras a partir das plantas, peixes, caranguejos, aves e demais elementos da natureza observados em companhia de um cientista”, explica a coordenadora, com mestrado em Línguas e Saberes da Amazônia.

A iniciativa surgiu como apoio ao Clube de Ciências, projeto socioambiental do Mangues da Amazônia no qual crianças de 10 a 12 anos brincam de ser pesquisadores, tanto em atividades nos manguezais como em visitas a laboratórios de instituições de Bragança, despertando a curiosidade para a ciência. No entanto, em alguns casos, havia carência no domínio básico de leitura e escrita, necessário às atividades.

Após a primeira turma de 27 crianças do segundo ao quinto ano do ensino fundamental, na comunidade do Araí, em Bragança, as ações foram agora estendidas à comunidade Tamatateua, entre agosto e novembro, para mais 30 crianças. O método sociolinguístico inclui trabalhos de leitura e interpretação de texto em casa, com auxílio dos pais ou responsáveis, comprometidos com o projeto.

“Os resultados têm sido surpreendentes, com alto engajamento das famílias e apoio de voluntários”, atesta a professora. De acordo com ela, a maioria das comunidades tradicionais em áreas de reservas extrativistas, como as que são beneficiadas pelo projeto, já está conectada por internet e celular: “vídeos e outras postagens falando dos manguezais constituem uma ótima ferramenta para a alfabetização”.

Sobre o Projeto Mangues da Amazônia - O Mangues da Amazônia é um projeto socioambiental com foco na recuperação e conservação de manguezais em Reservas Extrativistas Marinhas do estado do Pará. É realizado pelo Instituto Peabiru e pela Associação Sarambuí, em parceria com o Laboratório de Ecologia de Manguezal (LAMA), da Universidade Federal do Pará (UFPA), e conta com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Com início em 2021 e duração de dois anos, o projeto atua na recuperação de espécies-chave dos manguezais mediante a elaboração de estratégias de manejo da madeira e do caranguejo-uçá, com a participação das comunidades.

Texto e foto: Divulgação do Projeto Mangues da Amazônia

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