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Núcleo da UFPA se posiciona sobre a adoção de estratégias de Educação a Distância nas escolas do Pará

  • Publicado: Quarta, 06 de Maio de 2020, 16h11

NEB UFPA Foto ALEXANDRE MORAES

A adoção de estratégias inerentes à EaD praticada por algumas instituições de ensino como solução para a continuação das atividades escolares durante o período de isolamento social, que ocorre por conta da pandemia de Covid-19, tem sido um fator de preocupação para aqueles que trabalham com a Educação Básica no país. Por este motivo, o Núcleo de Estudos Transdisciplinares em Educação Básica da Universidade Federal do Pará (NEB/UFPA) divulgou uma nota, na qual manifesta preocupação com a maneira como a Educação a Distância (EaD) vem sendo adotada por parte das redes de ensino no Pará.

Decretos municipais e estaduais suspenderam as aulas presenciais em instituições de ensino públicas e privadas, com o intuito de frear a disseminação da doença causada pelo novo coronavírus. Desde então, algumas autoridades educacionais, amparando-se na legislação educacional em vigor, têm adotado a EaD como estratégia de garantia do ano letivo de 2020.

Porém, de acordo com nota emitida pelo Núcleo de Estudos Transdisciplinares em Educação Básica da UFPA, esta ação não foi antecedida por estudos prévios, planejamento ou adoção de ações formativas destinadas aos educadores. A nota chama atenção para o fato de que as medidas didático-pedagógicas necessárias para que o uso da EaD fosse proveitoso não foram efetivamente adotadas.

O diretor-geral do NEB, professor Genylton Rocha, destaca que a Nota elaborada pelo Núcleo defende que é necessário considerar uma série de pressupostos para proporcionar a oferta de uma educação de qualidade por meio de EaD na Educação Básica São eles: planejamento do processo ensino-aprendizagem, organização curricular, relação tempo-espaço, didática, relação professor-aluno, entre outros. Para ele, tais pressupostos adquirem, no ensino não presencial, características e especificidades próprias, o que deve demandar, por parte da escola, a implementação de uma nova organização didático-pedagógica diferenciada e adequada, por exigir uma nova dinâmica para o trabalho de gestores e docentes.

“Me parece que nenhum destes aspectos foi levado em consideração pelas redes que adotaram a EaD como substitutiva das aulas presenciais aqui, no estado do Pará. Nós estamos vendo muitos improvisos. Os professores deveriam ter recebido formação para trabalhar com a EaD, e as escolas precisariam ter dado as orientações necessárias para que as famílias pudessem acompanhar o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes. Os pais estão sendo responsabilizados por um processo de didatização dos conhecimentos, que estão sendo repassados virtualmente para os seus filhos e filhas, sem que tenham conhecimentos para tal”, critica o diretor-geral do NEB.

Consequências - O docente explica que a adoção da EaD, sem o devido preparo prévio, acarreta uma série de consequências negativas, tanto para os estudantes como para os professores.

“Os educadores estão sendo pressionados para elaborar materiais didáticos, para elaborar aulas, para utilizar recursos tecnológicos que não usavam no cotidiano, para promover mediações do conhecimento de forma virtual, entre outras novidades em sua prática pedagógica e no seu trabalho docente. Estes profissionais estão passando por um processo de adoecimento, por conta da frustração e pressão psicológica causada pelas instituições de ensino, que lhes cobram competência para fazer algo para o qual não foram preparados”, expõe.

“Além disso, para os alunos, as consequências são para o presente e para o futuro. As instituições de ensino, em especial as privadas, estão ‘apequenando’ o processo de ensino-aprendizagem e promovendo o empobrecimento das aulas e do processo formativo destes estudantes. A aprendizagem demanda, fundamentalmente, interação e esta está sendo minimizada ou negligenciada mesmo”, declara o professor Genylton Rocha.

Realidade socioeconômica - A nota do NEB também evidencia outro fator determinante para que o uso da EaD seja repensado: a realidade socioeconômica da população paraense e a não universalidade de acesso tanto à internet quanto aos recursos necessários para a efetivação da EaD. De acordo com o diretor-geral do NEB, o uso da EaD, tal qual está sendo feito, promove a exacerbação dos processos de exclusão e de seleção dos estudantes, pois, mesmo nas escolas privadas, existe um número significativo de estudantes que ainda não dominam as novas tecnologias, que não têm acesso a computadores ou mesmo à internet em suas casas. Esta situação agrava-se mais ainda nos bairros periféricos das cidades e, sobretudo, nas zonas rurais dos municípios paraenses.

O professor Genylton Rocha também elenca a falta de planejamento para proporcionar o aprendizado adequado aos alunos que possuem algum tipo de deficiência, os quais, segundo ele, “estão sendo esquecidos, invisibilizados e marginalizados neste tipo de iniciativa.”

Recomendações - Para solucionar toda esta problemática, o diretor-geral do NEB menciona que a nota elaborada pelos docentes da Unidade recomenda que as atividades da EaD, atualmente praticadas, sejam suspensas, a fim de que haja um planejamento efetivo para a realização do ano escolar de 2020. Tal planejamento deve ser intermediado e debatido em conjunto entre os Conselhos de Educação do estado e dos municípios.

Outro ponto importante exposto na nota é a defesa de que o ano escolar não fique limitado ao ano civil de 2020, pois a atual situação da pandemia de Covid-19 no Pará e no Brasil é de grande preocupação e a previsão da estabilização do número de infectados pelo novo coronavírus, ao que o cenário indica, pode acontecer somente na primeira metade do segundo semestre do ano.

Para ler a nota na íntegra, clique aqui.

Texto: Adams Mercês - Assessoria de Comunicação da UFPA
Foto: Alexandre de Moraes

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