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Integração entre os conhecimentos científicos e tradicional marca o lançamento do "Belém +30"

  • Publicado: Sexta, 22 de Junho de 2018, 15h56

 Belém 30 1

Representantes de instituições de pesquisa, povos tradicionais e governos lançaram oficialmente o Belém + 30, evento que trará à capital paraense pessoas de pelo menos 45 países para discutir a sociobiodiversidade. A programação nesta quinta-feira, 21, no Centro de Eventos Benedito Nunes, no Campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, contou com a participação de representantes das populações tradicionais, que estão ajudando na construção do evento.

Gisele Monteiro destacou a importância da biodiversidade para os extrativistas da Resex São João da Ponta, que fica na região do salgado paraense. Enivaldo Tembé ressaltou o apoio ao Belém + 30 e relatou os problemas que os povos indígenas enfrentam para garantir, principalmente, a preservação dos seus territórios. Raimundo Magno Cardoso também destacou os riscos das grandes obras e empreendimentos que atualmente invadem as comunidades quilombolas, por toda a Amazônia.

Ciência e tradição - Lado a lado com o saber tradicional e trinta anos depois de ter participado da elaboração da Carta de Belém, o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Charles Clement, fez um breve histórico dos avanços e retrocessos em relação a garantia dos direitos de povos e comunidades tradicionais ao longo de três décadas do documento. Ele explicou que as recomendações se pautaram na Declaração de Belém, que evidenciou a fragilidade de ecossistemas como o das florestas tropicais, apontou o risco de desaparecimento da biodiversidade e listou ações consideradas importantes para a reversão das ameaças. 

De acordo com Clement, foram listadas como necessárias a destinação de mais recursos para a pesquisa, o reconhecimento dos especialistas indígenas como fontes de conhecimento, a compensação dos povos nativos pelo uso do conhecimento que geram e o retorno das pesquisas sobre etnobiologia para as comunidades. O pesquisador também observou que passadas três décadas, a exploração predatória continua a ameaçar os recursos, só que de forma mais acelerada, e a cultura desses povos ainda é atacada, especialmente no Brasil, apesar de preservarem a diversidade biogenética tão importante para o planeta. O reconhecimento dos especialistas indígenas ainda é raro, assim como de curandeiros, por exemplo.

Liderança da Associação Quilombola África e Laranjituba, Raimundo Magno Nascimento relatou que a luta das comunidades é histórica porque o modelo de desenvolvimento expulsa esses povos para que seus territórios sejam ocupados ou impactados por rodovias, ferrovias e demais equipamentos voltados ao mercado. “Passamos pelo ataque religioso, de língua e agora da tecnologia. Até da Academia recebemos críticas. Falam em nivelar o conhecimento, mas do ponto de vista de quem?”, pontuou Magno que aposta no Belém+30 como espaço para reflexão e crítica.

Planejamento – O Secretário Estadual de Ciência e Tecnologia, professor Alex Fiúza de Melo, considera o Belém+30 necessário para fomentar o diálogo internacional sobre a Amazônia já que ela é importante globalmente porque detém o maior banco genético do planeta. Fiúza defende a aplicação do conhecimento científico à preservação da floresta para que ela gere o desenvolvimento tanto das populações urbanas quanto das tradicionais. Porém, ele adverte que “vivemos em um país que não tem um projeto nacional para a Amazônia”. O secretário também destacou a importância de realizar este ano a IX Feira Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação dentro da programação do Belém+30, como forma de disseminar para as novas gerações o valor da ciência e da tecnologia aliado ao conhecimento tradicional.   

Evento – A programação foi um momento para mostrar a grandiosidade e relevância do Belém + 30, que reúne o XVI Congresso Internacional de Etnobiologia, o XII Simpósio Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia, a IX Feira Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação e, também, a I Feira Mundial da Sociobiodiversidade. A expectativa é ter um público de cerca de 2 mil pessoas entre os dias 07 e 10 de agosto, no Centro de Convenções da Amazônia, na capital paraense.

O presidente do XVI ISE/ XII SBEE, professor Flávio Barros, observa que o evento abre uma outra perspectiva para se pensar a Amazônia, onde o espaço não seja visto como desabitado e o conhecimento tradicional possa dialogar com o científico. Ele revelou a resistência enfrentada dentro da própria Academia, mas pontuou conquistas como a recente criação da Assessoria de Diversidade e Inclusão Social (ADIS) na UFPA. Segundo o professor, como espaço para se pensar essas resistências e conquistas, o evento terá entre os participantes um grupo indígena da Guiana Francesa que não é reconhecido pelo governo daquele país, tendo, inclusive, proibição à reprodução da língua tradicional.

O Belém+30 é promovido pela Sociedade Internacional de Etnobiologia (ISE) e a Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia (SBEE). Em Belém, a organização é da Universidade Federal do Pará (UFPA), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), em parceria com diversas outras instituições de ensino e pesquisa da região, incluindo a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet, a Universidade Estadual do Pará (UEPA) e a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).

Serviço:
Belém + 30
XVI Congresso da Sociedade Internacional de Etnobiologia 
XII Simpósio Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia
IX Feira Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação
I Feira Mundial da Sociobiodiversidade
Data: 07 a 10 de agosto de 2018.
Local: Hangar Centro de Convenções da Amazônia, Belém – Pa.
Inscrições acesse aqui.

Texto e foto: Divulgação

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