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De quermesses a festas juninas, escolas ajudam a manter tradições de São João

  • Publicado: Domingo, 24 de Junho de 2018, 07h37

12.06.2018 Carimbó Nayana Batista 9

Quem não aprendeu a dançar carimbó ou siriá na escola? Ou decorou os primeiros (e últimos) passos da quadrilha com os colegas de classe? Embora muitos paraenses não mantenham o hábito de frequentar os tradicionais concursos de quadrilha da cidade, um elevado percentual deles já se apresentou para “tomar conta do terreiro” em algum momento da vida escolar, e se as festas no início foram criadas para arrecadar fundos, hoje elas têm, cada vez mais. um papel muito bem amplo.

De quermesse ao arraial - Foi nas décadas de 1960 e 1970 que as escolas de Belém começaram a se tornar arraiás. Em homenagem a Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal, escolas católicas organizavam quermesses marcadas por celebrações aos santos, comidas e danças típicas, com o objetivo de arrecadar fundos. “Existiam quermesses ao longo de todo o ano e na época das festas juninas elas se estendiam pelos quatro santos da festividade, geralmente em escolas católicas”, comenta Jane Beltrão, antropóloga e historiadora da Universidade Federal do Pará (UFPA).

As pessoas da comunidade doavam comidas para serem vendidas nas barracas e se ofereciam para ajudar na venda. Jane Beltrão explica que em geral todas as escolas organizavam quermesses e elas eram muito importantes para a socialização das pessoas, apesar de terem como objetivo principal arrecadar fundos. “Nos anos 60 e 70 existiam escolas localizadas no centro que eram destinadas à classe média e à burguesia, e outras na periferia da cidade destinadas às pessoas mais pobres, ambas com o mesmo nome e ligadas ao mesmo grupo religioso. Nesse período, as escolas do centro organizavam quermesses para sustentar as da periferia.”

Só tem gente que brilha - Outras formas de angariar dinheiro era organizando quadrilhas e concursos de Miss Caipira. “A quadrilha nos anos 60 e 70 não era essa quadrilha que brilha. Ela era uma quadrilha simples. Cada um fazia sua roupa da forma que bem entendia. Não tinha essas coreografias elaboradas que possuímos hoje”, ressalta a professora da UFPA.

A Miss não era a mais bonita ou “emperiquitada”. “No concurso de Miss caipira a vencedora não era necessariamente a que tivesse com a roupa mais bonita ou a jovem mais formosa da escola. A miss seria aquela que conseguisse vender mais votos. Então, no geral, as moças convidadas para participar do concurso eram filhas de famílias ricas da cidade, pois elas teriam condição de ‘passar os votos’. Assim, ganhava a que tivesse feito maior verba para a escola”, pondera Jane Beltrão. Dessa forma, as escolas do centro conseguiam sustentar as escolas da periferia. Nos dias atuais, a arrecadação de fundos continua sendo importante nas festas de São João das escolas de Belém.

“Há uma série de mudanças na festividade, dependendo da capacidade da escola de alterar esse costume. Mas o interessante é que as formas de arrecadar dinheiro foram se espalhando e continuam atualmente. Porém a finalidade pode mudar de acordo com a escola e com a sua necessidade. Hoje as festas podem ser feitas para arrecadar dinheiro para pintura do próprio espaço ou compra de algum equipamento que precise”, considera Jane Beltrão.

Texto: Vagner Mendes – Assessoria de Comunicação da UFPA
Foto: Arquivo/ Ascom 

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